PHDA
Diagnóstico

Como é realizado o diagnóstico da Perturbação de Hiperatividade e/ou Défice de Atenção (PHDA)?

A PHDA é uma perturbação heterogénea e, portanto, difícil de diagnosticar. É, por isso, importante ter um profissional de saúde qualificado, que possua vasta experiência no diagnóstico da Perturbação de Hiperatividade e/ou Défice de Atenção, a realizá-lo.

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Diagnóstico clínico da PHDA

A pessoa com PHDA (e, no caso de menores, também os pais) fornece informações sobre:

  • História perinatal

Gravidez, parto, primeiros meses de vida… Esta informação é importante porque complicações como uso de álcool, tabaco ou drogas durante a gravidez têm sido associadas à PHDA.

  • Presença de outras perturbações psiquiátricas

Tanto na pessoa como nos seus familiares.

Quando foram detetados pela primeira vez, quanto tempo duram, em que ocasiões ocorrem, como afetam o nível funcional. 

  • Antecedentes familiares

Investigação de casos de perturbações psiquiátricas, em geral, e, mais especificamente, em casos de PHDA na família. 

No caso do adulto que não foi diagnosticado na infância, é mais complicado realizar este estudo, pois será preciso regredir no tempo para avaliar o seu comportamento ao longo da vida e, em muitos casos, a pessoa pode não se lembrar.


Estes exames são essenciais para descartar a presença de qualquer doença que possa explicar os sintomas que a pessoa apresente ou que possam contribuir para a sua presença.

Dada a alta probabilidade de ocorrência de perturbações comórbidas associadas à PHDA, o especialista deve avaliar se a pessoa apresenta sintomas de outra perturbação psiquiátrica e realizar os exames apropriados em caso de suspeita.

É investigado se há perturbações na aprendizagem e o desempenho escolar da criança é avaliado ao longo do tempo, com a ajuda de professores ou da equipa de orientação escolar.

Quais são as escalas de diagnóstico de PHDA?

As escalas ajudam a identificar sintomas principais e a avaliar a sua intensidade.

Podem ser usadas de forma complementar no diagnóstico de PHDA, mas nunca devem substituir a entrevista clínica. Poderão ser especialmente úteis para medir a evolução do padrão de sintomas, através, também, da perceção de pais e professores sobre os sintomas e/ou tratamento.

No diagnóstico da PHDA, os especialistas podem utilizar diversos instrumentos, dependendo das caraterísticas, sintomas ou comorbilidades que o paciente apresente:

  • Escalas específicas para PHDA

  • Escalas gerais de psicopatologia

  • Entrevistas estruturadas e semiestruturadas

  • Testes de inteligência e neuropsicológicos

  • Avaliação psicopedagógica

  • Explorações complementares

O diagnóstico de PHDA deve ser adaptado às condições de cada pessoa avaliada. Por outras palavras, para cada caso, devem ser avaliados e ponderados os testes a serem realizados para se obter um diagnóstico apropriado. Este é o início de um tratamento individualizado.

Quais são os sistemas de classificação internacional para diagnosticar a PHDA?

Atualmente, existem dois sistemas de classificação internacional de critérios para diagnosticar a PHDA: DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Perturbações Mentais) e ICD-10.

A classificação da PHDA segundo o DSM-5

O DSM-5, atualmente em vigor, é o sistema de classificação das perturbações mentais mais utilizado em todo o mundo, que fornece descrições, sintomas e outros critérios úteis para o diagnóstico.

Desatenção

Seis (ou mais) dos seguintes sintomas foram mantidos por, pelo menos, 6 meses, num grau que não está de acordo com o nível de desenvolvimento e que afeta diretamente as atividades sociais e académicas/de trabalho:

  1. Não presta a devida atenção aos detalhes ou comete erros descuidados no trabalho escolar, no trabalho ou durante outras atividades;
  2. Tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades recreativas;
  3. Parece não ouvir quando lhe dirigem a palavra;
  4. Frequentemente, não segue as instruções e não conclui os trabalhos/tarefas;
  5. Tem dificuldade em organizar tarefas e atividades e evita iniciar as que exijam um esforço mental sustentado;
  6. Perde as coisas necessárias para tarefas ou atividades;
  7. É facilmente distraído por estímulos externos;
  8. Muitas vezes esquece-se das atividades diárias.

Hiperatividade e Impulsividade

Seis (ou mais) dos seguintes sintomas foram mantidos por, pelo menos 6 meses, num grau que não está de acordo com o nível de desenvolvimento e que afeta diretamente as atividades sociais e académicas/de trabalho:

  1. Muitas vezes, brinca ou bate com as mãos ou os pés ou contorce-se no assento;
  2. Frequentemente, levanta-se ou corre em situações em que não é apropriado;
  3. É incapaz de brincar ou estar em silêncio em atividades recreativas;
  4. É frequente falar excessivamente;
  5. Muitas vezes, responde inesperadamente ou antes de uma questão ser concluída;
  6. Tem dificuldade em esperar pela sua vez;
  7. Interrompe ou interfere com os outros.

A classificação segundo o ICD-10

Défice de atenção

  • É frequentemente incapaz de manter a atenção;
  • Aparenta não ouvir o que está a ser dito;
  • É-lhe impossível, de forma persistente, completar tarefas e organizá-las;
  • Evita ou sente-se bastante desconfortável com tarefas que exigem esforço mental sustentado;
  • Perde objetos necessários para tarefas ou atividades;
  • Distrai-se perante estímulos externos.

Hiperatividade

  • Mostra inquietação com movimentos;
  • Levanta-se, corre ou salta excessivamente em situações inapropriadas;
  • É inadequadamente barulhento ou tem dificuldades em brincar discretamente;
  • Exibe um padrão de atividade excessiva.

Impulsividade

  • Faz exclamações ou responde antes que lhe seja feita a pergunta completa;
  • É incapaz de aguardar pela sua vez;
  • Interrompe ou interfere nos assuntos dos outros;
  • Fala excessivamente em situações sociais.

O ICD-10 estabelece que, para realizar o diagnóstico de PHDA, o paciente deve demonstrar:

  • 6 dos sintomas descritos na secção “Défice de Atenção”

  • 3 dos sintomas descritos na secção “Hiperatividade”

  • 1 dos sintomas descritos na secção “Impulsividade”

DSM-5 e ICD-10

Em que coincidem?

  • Têm 18 sintomas descritos;

  • Envolvem a presença de sintomas por mais de 6 meses;

  • Exigem que os sintomas afetem várias áreas da vida;

  • Consideram que deve haver uma deterioração funcional causada pelo distúrbio;

  • Concordam que a sintomatologia não pode ser explicada por outra perturbação.

Em que diferem?

BIAL/JUL25/PT/074 | C-ANPROM/PT/ELVS/0046

julho 2025

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